Leia esse Artigo se Você está Contratando Pessoas Trans e/ou Não-binárias

Alerta: Esse texto é direcionado para Pessoas Heterossexuais e Cisgêneras. Falo isso porque para muita gente LGBTQIA+ esse texto pode parecer um ABC.

Esses dias, estava refletindo como o mercado está mudando – ainda bem – desde que comecei a trabalhar com diversidade e inclusão corporativa.

Agora, a curtos passos, podemos, finalmente, falar sobre a diversidade de gênero e as empresas estão buscando sim contratar pessoas transgêneras e/ou não-binarias.

Mesmo com essa consciência em mente, há um grande desafio para muitas empresas / pessoas:

  • O que é ser exatamente uma pessoa não-binária e/ou transgênera.

Eu falo isso porque ainda impera uma ideia de ser não-binária e/ou trans é ser assim ou assado.

Estaria “tudo bem”, se não fosse um probleminha.

O estereótipo gera um desafio gigantesco que é moldar uma prática dentro do que a sociedade acha que a pessoa deve ser.

Eu sei que muita gente não faz por mal e/ou não está consciente de que ela está claramente colocando um estereótipo de gênero em discussão.

E aqui, é muito mais do que simplesmente fazer treinamentos para questões de viés inconsciente, mas muitoooo…

Eu não estou dizendo que não é importante, mas não é só isso.

Quanto estamos falando de pessoas trans, estamos falando de quem transgride as normas de gêneros socialmente impostas.

Eu sei que eu só dizer essa frase, para muita gente que lê esse artigo, está pensando:

  • Como? Que complicado!

Calma, vamos por parte…

As pessoas têm muitas informações, mas poucas entendem claramente o que elas significam dentro do outro ser o que ele quiser ser.

E “normal” (pois foi o que até então foi difundido) de que as pessoas são homens ou mulheres e pronto. E, além disso, pode parecer um pouco complicado, pois, de novo, estamos acostumados com esse “padrão”.

E aí que está: o ser humano não é simples, ele é sim complexo, com várias facetas ao longo da sua vivência.

Então ter uma pessoa que chega para o outro e diz:

  • Sim, eu sou uma pessoa não-binária mesmo aparentando ser uma “mulher” (cisgênera).E tudo bem!

O que eu estou querendo te falar é que quando a gente rompe essas duas “alternativas” socialmente impostas, o mundo de possibilidade se abre para infinitas formas de lermos o outro.

E ninguém precisa sair dizendo para você que é uma pessoa não-binária, mesmo aparentando ser uma mulher, entende?

Você sai por aí dizendo com quem você vai para cama?

Então porque o outro precisa dizer aquilo que é íntimo dele?

Mas, Maira… Estamos contratando pessoas trans!

Ótimo, mais um motivo para não questionar nada disso e deixar o outro ser ele mesmo na sua frente / entrevista / empresa. Se essa pessoa quiser, ela falará sobre essa identidade dela.

O que eu quero com esse texto é te instigar a ver o mundo além de um padrão, entende…

Vamos fazer um paralelo muito interessante:

Até pouco tempo, nos vivíamos o mundo pelo “padrão” heterossexual, ou seja, a partir de quem se relaciona só com o gênero oposto – digo, abertamente, para a sociedade, pois, nós, LGBTQIA+ sempre estivemos nos espaços.

E, agora? Trouxemos luz para pessoas gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais, assexuais e por aí vai…

Olha a multiplicidade de pessoas e cores que temos a partir das orientações afetivas-sexuais?

E por que a gente continua vendo o mundo pelo “padrão” de ser homem ou mulher cisgênera?

Quando você entende que o mundo pode ser além do que a gente vê, tudo modifica.

Em outras palavras: quando você entende que uma pessoa pode (e deve, se ela quiser) ser não-binária tendo “jeitos” de mulher (cisgênera) a nossa mente explode e vemos a beleza da diversidade – afinal, ninguém é igual a ninguém e cada vivência é única.

Se você, pessoa heterossexual e cisgênera, e esta contratando pessoas transgêneras e/ou não-binarias, e necessário que os seus conceitos, ideias e visōes sobre como você lê as pessoas sejam rompidos.

E permitir não se questionar quando o outro diz que ele é uma pessoa não-binária mesmo aparentando “ser uma mulher”.

E esse desafio é muito difícil porque o nosso cérebro é treinado para ver o mundo a partir das referências, pré-concebidas, que foram colocadas dentro dele (pelos nossos estudos, vivências, experiências, círculo social – profissional – familiar e trocas sociais).

Então se você sabe que o problema é do seu cérebro, traga para ele novos questionamentos, conhecimentos e vivências, inclusive com pessoas não-binárias e/ou trans.

E se você quiser uma forcinha para te ajudar nesse desafio de contratação de pessoas transgêneras e/ou não-binárias ou treinamentos sobre diversidade LGBTQIA+ para a sua companhia, mande uma mensagem para a gente aqui, em camaleao.co.

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