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[Verdade Revelada] Como Contratar Pessoas Trans Enfrentando a Transfobia

Vocês trabalham com pessoas trans? Queremos contratar trans!

Essa demanda é uma rotina nas primeiras trocas de e-mails entre a nossa equipe e as oportunidades de emprego que chegam das empresas para divulgarmos. Ela não deveria nos assustar. Ao contrário, deveria ser motivo de orgulho, não é?

Porém, não é bem assim… Sabemos que a maioria das empresas hoje, no Brasil, principalmente, não estão preparadas para receber uma pessoa trans. Infelizmente!

E não queremos te desaminar, ao contrário… Esse texto é para fazer você e/ou a sua equipe de recursos humanos refletirem sobre os processos de contratação de pessoas trans na sua companhia.

E, dessa forma, criar processos que sejam melhores tanto para a sua empresa como para a pessoa trans em si. Então continue lendo as dicas exclusivas que preparamos para vocês!

Dica #1 | Tudo Começa com a Consciência

90% das pessoas trans do Brasil estão em situação de prostituição por falta de oportunidade de trabalho, segundo estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Então você pode imaginar que esse problema social é só no Brasil, né… Que nada!

Em 2018, um estudo feito pela Crossland Employment Solicitors, nos Estados Unidos, com 1.000 entrevistados demonstrou que 1 em cada 3 empregadores admitiu que seria “menos provável” contratar um / uma candidato / candidata transgênero.

Outros 47% admitiram que não teriam certeza sobre a contratação de um potencial empregado trans. E 88% declararam que não têm política de inclusão no local de trabalho. Ou seja, seja no Brasil ou nos Estados Unidos, transgêneros, hoje, são excluídos do mercado de trabalho.

Isso se deve a várias fatores desde preconceito até a falta de conhecimento de como a empresa pode estar aberta a, no mínimo, “aceitar” pessoas trans nos seus processos de seleção.

Sabemos também que a identificação de gênero de uma pessoa deveria ser irrelevante em um processo seletivo, certo?

Mas quando uma pessoa trans chega para fazer uma entrevista em que ela tem uma expressão de gênero diferente do gênero que está denominado no seu documento. Você já sabe que o preconceito impera, né!

Vamos abrir um parênteses aqui rápido para explicar o que é “expressão de gênero”:

Quando você veste uma roupa, aquela roupa passa a ter o SEU gênero, porque é VOCÊ quem a está usando, entende…

Agora, imagine uma pessoa que tem o seu documento denominado Antônio, mas aparentemente, com as vestimentas e acessórios, faz com que ela se pareça com uma mulher. Portanto ela tem uma denominação nos documentos masculina, mas ela tem a performance de gênero feminina.

Agora, a grande pergunta:

O seu RH está preparado para receber uma pessoa trans com essas individualidades SEM terem vieses conscientes e inconscientes, preconceitos e discriminações durante os seus processos seletivos?

  • Se sim, perfeito! Sinal que estão realmente caminhando para um processo inclusivo e saudável para todos.
  • Se não, o que vocês deveriam fazer para mudar isso? O que você pode fazer hoje para conscientizar as pessoas do seu time para a importância de deixar os pré-conceitos de lado em um processo seletivo?

O preconceito implícito é notoriamente difícil de eliminar, então seja proativo em garantir que seus gerentes de contratação estejam equipados para minimizá-lo

Entendemos que olhamos o mundo a partir de nossos valores e referências. Logo os seus / as suas recrutadores até pode ser preconceituosos com as pessoas trans – e, pode ter certeza, muitos são. Isso é sinal que eles / elas precisam de amadurecimento, respeito e um monte de informações sobre diversidade.

Contudo o que eles NÃO PODEM fazer em hipótese nenhuma “é falar” no nome da empresa, impossibilitando pessoas trans de progredirem nos processos seletivos e/ou os dificultando por serem quem são. Isso se chama discriminação!

E se uma pessoa trans conseguir provar que passou por isso, dependendo do grau de constrangimento que ela sofreu, pode resultar em um belo “processinho” para a sua empresa.

Então não seria mais fácil e simples trabalhar para romper o preconceito do seu time de recursos humanos, fazendo com que todos, todas e todes respeite a diversidade inerente de cada um?

Dica #2 | Cada um Tem o seu Momento e o seu Processo: Ajude as Pessoas Trans

Ser uma pessoa nesse mundão é não ser igual a ninguém. O mesmo acontece com pessoas trans.

Até porque, antes de ser trans, ela é uma pessoa, né… Por isso que a identificação de gênero é escrita depois do que ela é e não o contrário.

Em outras palavras… Você vai se deparar com candidates que estão em processo de readequação de gênero.

Algumas pessoas estão começando a tomar hormônio, outras não tomarão. Tem mais algumas que farão a cirurgia, já outras não… Portanto, na maioria dos casos, o apoio do empregador é fundamental. Porém esse processo deve ser apropriado e conduzido pelas necessidades do indivíduo e não dá empresa.

Vamos desmitificar isso de uma forma simples:

Se pessoa colaboradora trans falar que está realizando o processo de readequação de gênero, vocês devem discutir qual é o tipo de apoio que ela acredita que a empresa possa lhe dar. Mas ela vai dizer na entrevista isso? Pode ser que sim, pode ser que não, né… Depende de vários fatores!

Caso isso ocorra, seja no processo seletivo e/ou quando a pessoa for contratada, comece perguntando como ela gostaria de ser chamada e qual pronome a empresa deve usar para identificá-la. Se ela não te dizer, o que é quase, na maioria dos casos, é impossível disso acontecer, essa é a hora de vocês aprenderem a usar a linguagem neutra de gênero.

Muitas vezes, a pessoa trans também terá preocupações sobre como os outros reagirão quando entenderem a identidade de gênero dela.

Caso a pessoa trans não mencionar essa preocupação com vocês, então simplesmente deixe ela sabendo que vocês fornecerão todo o apoio necessário, caso ela precise realmente.

Vivemos em um mundo diverso e a maioria dos funcionários continuará sem qualquer reação ou mudança em seu comportamento em relação a essa pessoa trans.

Inegavelmente, há o risco de que os colaboradores não se comportem de maneira aceitável ou ajam de uma maneira planejada para deixar aquela pessoa trans desconfortável.

Portanto, independentemente do cenário, é importante que você sabia como agir nas duas situações. Caso não saiba, a sua empresa pode ser encontrada em situações desconfortáveis e até transfóbicas por descuido de planejamento. E é isso que você quer?

Saiba que nós, de camaleao.co, podemos ajudar a criar processos inclusivos de RH para pessoas trans e/ou LGBT+.

Acesse esse link e escreva para nós contando um pouco dos seus desafios internos e como você acredita que podemos ajudá-los.

E uma boa sorte nos processos de contratação de pessoas trans na sua empresa. Que as pessoas trans sejam, cada vez mais contratadas e valorizadas pelo que são: profissionais competentes.

Continue lendo sobre esse assunto, ao realizar essas 16 perguntas:

16 Perguntas que Você Deve Fazer ANTES de Contratar Pessoas Trans